domingo, 31 de maio de 2009

Ética: adote-a agora!

Era uma vez uma garotinha chamada Ética. Ética era órfã, carente, e gostava muito de atenção. Fazia de tudo para que todos a notassem, onde quer que ela decidisse estar. Porém, isso não acontecia. A grande maioria das pessoas simplesmente a esquecia! Então ela passava seus dias a chorar pelos cantos; não por seu próprio esquecimento e abandono, mas pela sociedade. Um choro de pesar pela ignorância do homem em não adotá-la. Um choro convulsivo que presenciava, de mãos atadas, a escolha de um percurso que culminaria na ruína. “Ahhh, se pelo menos eles me conhecessem melhor...”, pensava Ética, com tristeza, em suas noites solitárias.

Seu nome era preenchido de significados que só ela parecia compreender. Sábios diziam que era o estudo dos juízos de valor aplicáveis à conduta humana. Sua melhor amiga, a Moral, também era parecida com ela, exceto por ter um significado um pouco diferente: conjunto das regras de conduta consideradas eticamente válidas. Definição longa, mas que pode ser simplificada se considerarmos um sistema moral.

Os sistemas morais geralmente são concebidos à maneira dos sistemas físicos, onde há coisas possíveis e coisas impossíveis. Porém, ao contrário da natureza, onde o impossível não acontece, nos sistemas morais, o que não é permitido frequentemente ocorre. Este é um dos grandes problemas da atualidade: a transgressão dos princípios éticos. Principalmente quando consideramos o envolvimento dos jornalistas neste processo. É sabido que a imprensa detém grandes poderes de construção e desconstrução, e a falta de ética pode culminar em desastres.

Outro grande problema é considerar todas as significações da ética. Ela não pode simplesmente ser listada em alguns mandamentos e normas de conduta. A consciência individual é o ponto determinante do que é certo e do que é errado. No caso de um jornalista, por exemplo, tem-se o sigilo das fontes. O sigilo é aplicável a todos os casos? Depende do julgamento de cada um, de cada contexto. Outro ponto é importante: para se chegar a uma verdade de interesse público, vale tudo? Os fins justificam os meios? Discussão ampla, que nem sempre gera grandes certezas. A única grande certeza é dizer que abandonar a ética é dar carta branca para atitudes irresponsáveis e arbitrárias. Abandonar a ética chega a ser, acima de tudo... Antiético.

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